WELLINGTON IRONIZA TRABALHO DA PF

PETISTA DISTORCE FATOS DA OPERAÇÃO TOPIQUE, CONSIDERA ESTRANHO ELA TER OCORRIDO ÀS VÉSPERAS DE SUA CONVENÇÃO E DIZ SER A FAVOR DA LEI DO ABUSO DE AUTORIDADE


Wellington Dias pôs em dúvida a seriedade e o trabalho da Polícia Federal durante sabatina na Tv Antena 10 (foto: reprodução)

Numa sabatina com tempo de 30 minutos, demorou 22 minutos e 15 segundos para que alguém tocasse na Operação Topique. O candidato à reeleição Wellington Dias (PT) não gastou mais do que 2 minutos para distorcer toda a operação sem ser contestado por nenhum dos jornalistas.

O experiente jornalista Pedro Alcântara perguntou o que Wellington faria para evitar problemas como esse num eventual 4º mandato. Wellington Dias não respondeu, ficou falando sobre a greve dos professores. Faltando 3 minutos e 55 segundos para terminar a entrevista, Wellington dias foi questionado sobre o que ele acha “dessa operação que aconteceu na SEDUC”. Não foi mais citado o nome da Operação Topique. Muito menos contextualizada a sua existência, que se dá em investigação de fraude nos pagamentos de transporte escolar na gestão da Educação feita pela esposa do governador, a deputada federal Rejane Dias, também do PT.

Pedro Alcântara foi o único jornalista que ousou mencionar o nome da Operação Topique na presença de Wellington Dias (foto: reprodução)

“Foi estranho ser ali na véspera da minha convenção”, disse em tom de ironia o governador Wellington Dias para iniciar sua resposta.

Wellington disse que a Operação Topique não era contra a Seduc, mas contra empresários. O que se mostra uma distorção do fato: a Polícia Federal investiga empresários que agiam dentro da SEDUC e em prefeituras do interior. Gente que, aliás, antes de ser empresário, era servidor da SEDUC no segundo mandato dele.

O petista seguiu distorcendo. Disse que vários dos 23 presos já foram soltos por se provar que eles não participavam do esquema. Essa fala do governador também não corresponde à verdade. Todos os presos possuem algum grau de envolvimento no esquema, desde o estabelecimento do contrato até a lavagem do dinheiro desviado.

Ao dizer que vive num "país de espetáculo" e mencionar ser a favor da Lei de Abuso de Autoridade, o petista tentou ser sutil na tentativa de enquadrar a Polícia Federal (foto: reprodução)

“Estamos vivendo num país de espetáculo, lamentavelmente”, ressaltou, criticando indiretamente a Polícia Federal. Nesse caminho, disse que é à favor da Lei de Abuso de Autoridade — que divide a opinião de especialistas pela possibilidade de ser utilizada para intimidar o trabalho de policiais, promotores e juízes.

Mais uma vez o governador Wellington Dias flexibilizou a verdade em seu favor. “Ela é de 2013 pra cá, eu não era o governador em 2013”, disse sobre a Operação Topique. O contexto correto é o seguinte: a PF iniciou a investigação por uma denúncia feita em 2013, em Campo Maior, quando uma gestão do PT chegou a pagar transporte escolar com nota fiscal de merenda. Mas a mesma Polícia Federal em seu inquérito aponta que o esquema pode ter começado em 2009, durante o segundo mandato de W.Dias.

Veja abaixo o trecho da sabatina em que Wellington fala -- bem de leve -- sobre a Operação Topique.