A greve de araque instituiu o Dia Nacional da Vadiagem




A paralisação foi programada para a véspera de um feriado prolongado para somar-se à folga de primeiro de maio e produzir o maior feriadão de 2017. Disfarçado de “greve geral“, o evento organizado por gigolôs do moribundo imposto sindical não foi um ato político, mas uma malandragem destinada a incentivar a ociosidade. Aumentou o movimento nas estradas. As cidades ficaram com cara de domingo. As manifestações de rua reuniram menos gente que procissão de vilarejo.

Enxergar uma greve geral no que se viu nesta sexta é promover enxurrada a tsunami. Toda greve é uma interrupção voluntária e continuada do trabalho ─ e interrupção voluntária não rima com barricadas com pneus em chamas, piquetes truculentos e arruaceiros hipnotizados pelo berreiro sindiota. A greve geral, como ensina o adjetivo, tem necessariamente abrangência nacional. E se ampara em reivindicações, palavras-de-ordem e bandeiras encampadas por todas as categorias profissionais relevantes.

Enfim, grevistas querem algo, berram propostas, fazem exigências. Os greveiros de hoje são contra tudo que venha do governo ─ da mesóclise a reformas que remoçam velharias quase centenárias. Mas não conseguem ser a favor de nada, nem têm coragem suficiente para defender publicamente a preservação dos privilégios da pelegagem. Por essas e outras, os que se nomearam líderes dos trabalhadores acabaram instituindo, neste 28 de abril, o Dia Nacional da Vadiagem.
É o velho Brasil agonizando.
Por Augusto Nunes/Veja.com